"Quando o dedo aponta a lua, o imbecil olha o dedo."

(Provérbio chinês)

domingo, 26 de setembro de 2010

a janela do canto. (parte II)

(Parte I)

O garoto ficou um tanto desapontado. Mas dentro de alguns minutos Fernanda retornou à sala para pegar suas coisas e dar uma ultima olhadinha na janela. Ele ainda estava lá, como ela desejava que ainda estivesse, mas com uma diferença, não mais sentado à mesa, mas recostado a janela olhando para ela. Ela ficou sem reação, as maçãs de seu rosto estavam coradas como nunca haviam ficado, as pernas tremiam e as mãos gelaram; ela definitivamente não sabia o que fazer. Então o menino acenou com um sorriso tímido no rosto, ela mais do que depressa respondeu, e retirou-se da janela. Deixou tudo de lado, correu para o seu quarto. Atirou-se na cama e ali permaneceu, olhando para o teto e tentando se convencer de que aquilo que aconteceu, realmente aconteceu, que era real.
João ficou sem entender muito bem a atitude da garota, e retornou ao seus livros.

:: Os dias se passaram e eles continuaram a se “encontrar” diariamente. Para ela tudo parecia um sonho, ela definitivamente sentia lago diferente por ele.
Certo dia, quando saía para ir até a padaria a pedido de sua mãe, Fernanda percebeu uma voz desconhecida que disse: “ei você, menina da casa da frente”. Ela sabia que era errado, mas imediatamente parou e virou-se para mirar mais de perto o seu amado – ela estava certa de que se tratava dele. Era de se admirar que fosse mesmo ele, pois de casa, ele só saia para ir à escola.

Ao ver aquele lindo sorriso vindo em sua direção, o coração dela pulsava a ponto de quase sair boca à fora, as pernas tremiam como da outra vez. O menino se aproximou, com aquele mesmo sorriso e parou na frente dela. “Oi” – disse ele, visivelmente tomado pela timidez. E ela respondeu da mesma forma. “Está indo pra onde?” – perguntou ele. “Comprar pães e biscoitos para o lanche da tarde” – respondeu. “E será que posso ir com você?” – indagou o garoto. Um silêncio tomou conta do espaço, e num impulso repentino ela diz que sim. Ele sorriu e foram. Foram calados, mudos, andando até a padaria. Ela entrou e ele disse que esperaria ali fora.
O garoto andava de um lado para o outro, numa ansiedade absurda; pois seua maior desejo era estar ali naquele lugar, a espera de seu anjo – era assim que ele pensava nela, como um anjo que cruzou seu caminho sem motivo real aparente -, mas ao mesmo tempo sabia que não podia e nem deveria se quer pensar nela, ou em qualquer outra garota, pois na sua concepção nunca poderia ser feliz com quem quer que fosse.

Dentro de alguns instantes a menina saiu, e ficou novamente surpresa, pois ele havia ficado ali lhe esperando. (Ela estava certa de que ele iria embora sem esperar) Então pegaram o caminho de casa, no mesmo silêncio da ida, que foi quebrado com uma pergunta bem simples: "Qual é mesmo a sua graça?" perguntou Fernanda. "João, e a sua é Amanda ou Fernanda, algo assim, certo?" - "É Fernanda, mas como sabe?" - indagou ela com um ar de desconfiança. "Já ouvi muitas vezes sua mãe lhe chamando lá dentro" - respondeu. "Ah sim, certamente foi assim mesmo que você descobriu, porque do jeito que mamãe fala baixinho, é dificil e quase impossivel de não ouvir quando ela nos chama lá em casa" - disse a menina já se rindo.
Outro assunto já estava por começar, quando um carro para próximo da calaçada ao lado dos dois. O vidro desce, e uma voz diz: "Vamos Fernanda, te levo pra casa" - era seu pai que tinha ido pagar umas contas e estava voltando para casa. "Vamos sim pai" - respondeu ela torcendo o nariz. "Até mais João, conversamos outro dia" - disse ela. "É, agente se fala sim, até logo Fernanda". Ela entrou no carro, e o menino ali ficou parado por alguns instantes e seguiu para casa, cabisbaixo.

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