"Quando o dedo aponta a lua, o imbecil olha o dedo."

(Provérbio chinês)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

a janela do canto.

Sua rotina era a mesma a alguns meses, baseada na dele. Todos os dias ela subia as escadas que levavam até o andar de cima da casa, levando consigo os livros e cadernos do colégio, sem esquecer do celular e os fones de ouvido. Pro escritório, - sim eles tinham um em casa, o pai tinha arrumado para si anos atrás quando sonhava com a carreira de sucesso como corretor de seguros, esta que foi por água'baixo em menos de ano - era pra lá que a menina ia, todas as tardes com o intuito de estudar em paz longe da baderna que os gêmeos faziam; assim pensava a mãe. Mas para a pequena menina dos olhos cor de mel, não era só isso.

:: Na casa azul que ficava quase em frente, morava uma familia muito estranha e agitada. O único 'normal' de lá era o filho do meio, João. Menino calado, dono de um sorriso lindo mas que poucos tiveram a chance de poder ver, empenhado e estudioso, motivo pelo qual era tirado pra bobo pelos irmãos e pais.
Passava as tardes sentado numa mesa colocada ao pé da janela no pouco espaço que havia em meio a desordem da casa. Lá ele se sentia bem; perto de seus livros, no seu mundo proprio.

:: Os ultimos dias tinham sido de chuva e frio intenso. Fernanda, a menina dos olhos de mel, seguia seu ritual diário de todas as tardes. Em mais uma dessas tardes frias, subiu as escadas com o material de estudo, adentrou a sala - o escritorio na verdade - encostou a porta, jogou as coisas na mesa e correu pra janela. A janela do canto; a janela que dava pra rua em frente; a janela de onde se via o interior da casa azul. Era o melhor e o passatempoperferido da pequena: ficar ali durante minutos, horas, a tarde toda talvez, a observar e admirar o menino dos cabelos negros que morava na casa vizinha. Este que era o inspirador dos contos todos que escrevia.

Esse era o motivo da escolha daquela sala para local de seu estudo. Era a melhor maneira de alimentar o amor que sentia pelo menino misterioso, sem que a timidez o medo e nem ninguém atrapalhasse. E também, sem que ele de tudo soubesse. Aquilo fazia bem a ela, aquele amor que ela sentia, mesmo sem nunca ter sido correspondido, acalentava seu coração.
Como em todos os dias, ele lá estava; os cabelos negros, a pele branca contrastando com o moletom vermelho que vestia. Um certo tempo da observação havia se passado, quando a menina ouve passos na escada. Sua primeira reação foi um misto de desespero, medo e angustia, por ter que sair dali ou por estar ali. Rapidamente levantou da poltrona que lhe servia de 'observatório' e correu para a mesa, espalhando a abrindo alguns livros, de maneira que convencesse que aquele era um momento de estudo mesmo, se necessário fosse. Assim que se sentou na cadeira, algo ou alguém pegou na maçaneta da porta e a mesma abriu: era sua mãe para dizer que Isabel estava ao telefone a sua espera; e logo retirou-se.
Um certo ar de alivio ocupou o lugar, e ela ainda trêmula com o ocorrido, levantou-se e foi atender a amiga.

Mal sabia ela que no instante em que deixou a janela, deixou também o menino da casa azul, que dirigiu o corpo e o olhar a janela naquele exato instante, com o desejo de poder mirar mais de perto, os detalhes da admiradora que acabara de descobrir que tinha.

2 comentários:

  1. Daaaaaaaaaaaaaaaaaaani adorei *-*
    lindo, lindo, lindo e lindo.
    não sei, mas adoro textos assim, estilo crônica/conto ><

    beijos :*

    http://bomdiasophia.blogspot.com/

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  2. Nossa, esse texto ficou perfeito demais... sou bem romantico e adoro esse tipo de conto. Continue essa história se for possivel, adoraria acompanhar a continuação. Parabéns.

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Olá pessoa bonita que resolveu manisfestar-se aqui sobre o que leu/viu. Peço que por gentileza, não ofenda pessoas nem suas respectivas mães, não comece falando de melância e termine em borboleta, e nem da cor azul que tem os tomates. Obrigada!
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