Ingênuidade

Me recordo de quanto era bom o tempo de criança em que ser ingênuo era bonito, e divertido.
A vida era tão boa, colorida, alegre, tranquila.
Problemas eram encontrados apenas na hora de decidir o desenho para assistir, se naquela hora queria sorvete de chocolate ou de flocos, se iriamos brincar de pega-pega, casinha ou amarelinha; a tal responsabilidade, consistia em não esquecer de dar água pro cachorro, e arrumar a mesa do almoço; e as obrigações eram coisas como lavar as mãos ao chegar da rua, não esquecer de escovar os dentes depois das refeições, e caprichar na lição de casa. O estado de alegri era tão facilmente alcançado, que muitas das vezes, nem alcançado precisava ser, pois quase tudo tornava-se motivo para gargalhadas de doer a barriga. Nos espelhavamos no personagem do desenho preferido ou da galera pop da hora, e nos tornávamos admiradores deles; aí é que nasciam aqueles sonhos de ser jogador de futebol, professora ou astronauta.
Não sei se não enchergavamos as coisas como realmente são, ou apenas optavamos por não enxergá-las como deviam ser vistas. Parece que era um mundo a parte deste de agora.
Mas crescemos e aprendemos. Aprendemos que quanto maior a sua idade, maiores passam a ser suas obrigações e as espectativas depositadas em você. Aprendemos que o tamanho das responsabilidades nos acompanha em nosso crescimento. Começamos a ter os primeiros exemplos da lei da ação e reação, e assim agente passa a entender que todo ato vai te ajuda ou te derrubar ter uma consequencia (boa ou ruim). Mudamos de ídolo, pois começamos a entender como a 'realidade' funciona; e passamos a adotar novos espelhos para seguir. E nessa hora que a ficha da realidade cai, aprendemos que existe o bem e o mal, o certo e o errado, escolhas dificeis a se fazer.
É quando o maior sonho de criança se torna real; aquele de ser adulto, pra poder usar batom e salto alto, trabalhar, sair quando quiser, e dirigir; mas também é o momento em que começamos a olhar pro passado com bons olhos.
Quando crescemos, deixamos boa parte de toda aquela 'ingenuidade' para trás. Aquele mundo todo enfeitado e colorido, muda suas cores.

Mas parando pra pensar, eu prefiro esse mundo de gente grande. Pois nele, aprendi que existe o certo e o errado, o justo e a injustiça, o bem e o mal; que nem toda lágrima é verdadeira, nem todo aquele que te sorri é amigo, e que críticas e apontamentos podem vir em nosso benefício por mais raiva que dê do individuo que te criticar, se soubermos avaliar ambos os lados.
Aquele tempo de total ingênuidade, ficou nas lembranças e boas memórias do passado.